Petrobras superou a época de repasses imediatos aos preços dos combustíveis, diz diretor
Questionado por analistas sobre as reduzidas margens de lucro na venda de combustíveis, o diretor de Comercialização e Logística da Petrobras, Cláudio Schlosser, afirmou nesta sexta-feira (4) que a empresa superou a política de repasses imediatos dos preços dos combustíveis.
“Se olhar para a estratégia anterior, a Petrobras fazia reajustes quase imediatos da volatilidade [do mercado internacional], entregando instabilidade para os clientes. Superamos esse momento”, afirmou o executivo.
A declaração foi dada em teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre, marcada por diversos questionamentos dos investidores sobre as elevadas defasagens dos preços dos combustíveis nas últimas semanas.
Analistas afirmaram que a empresa vem vendendo os produtos com margens bastante reduzidas e cobraram um posicionamento sobre o fôlego financeiro para manter a estratégia por mais tempo.
O presidente da companhia, Jean Paul Prates, não participou do encontro, limitando-se a enviar um vídeo, no qual defendeu que a nova estratégia comercial “está produzindo os resultados que todos queríamos”, garantindo mais flexibilidade à empresa para praticar preços.
Na abertura do pregão desta sexta, o preço do diesel nas refinarias da estatal estava R$ 1,09 abaixo da paridade de importação calculada pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis). Na gasolina, a diferença era de R$ 0,63.
São os maiores valores desde o fim de outubro de 2022, quando a Petrobras também segurou os preços para evitar impactos negativos na campanha pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Logo após a votação de segundo turno, os preços foram reajustados.
Schlosser voltou a defender que a estatal ainda vê incertezas em relação ao comportamento do mercado de petróleo e não deseja repassar volatilidades ao consumidor brasileiro.
Alegou ainda que o cálculo do preço de referência internacional varia entre as empresas e que a Petrobras tem vantagens competitivas na formação dos preços como sua estrutura logística para levar os produtos a seus clientes.
Embora as defasagens fossem menores do que as atuais, o balanço segundo trimestre já trouxe em seu balanço alguns reflexos da mudança na política de preços da companhia. O lucro da área de refino caiu 87,7% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, para R$ 1,6 bilhão.
A margem de lucro deste segmento ficou em 8%, a menor desde o período mais crítico da pandemia. No segundo trimestre, a Petrobras vendeu sua cesta de combustíveis a um preço médio de R$ 475,28 por barril, o menor desde o terceiro trimestre de 2021, em valores corrigidos pela inflação.
Na teleconferência desta sexta, a direção da empresa diz que a queda de 47% no lucro, em comparação com o mesmo período do ano anterior, teve impacto mais forte do recuo nas cotações internacionais do petróleo, que estava acima dos US$ 100 no segundo trimestre de 2022.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil/Arquivo