O dólar abriu em queda de 0,51% nesta terça-feira (21) após mais um início de semana marcado pela aversão ao risco no exterior, em especial com preocupações sobre a economia chinesa, e com os investidores atentos com a reunião do Brics, em Johannesburgo.

Às 9h05, a moeda dos Estados Unidos estava cotada a R$ 4,9536 para venda. Além da cúpula do bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, as atenções dos investidores nesta semana estão no Simpósio de Jackson Hole, que terá início na quinta-feira (21) e vai reunir presidentes dos principais bancos centrais. O discurso do presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central americano) é o mais aguardado, com o mercado a procura de pistas sobre o futuro da política monetária americana.

Na segunda (21), a Bolsa brasileira voltou a cair e o dólar subiu em meio a um ambiente externo desfavorável, com agentes financeiros ainda frustrados com a condução da política econômica chinesa e preocupados com o futuro das taxas de juros nos Estados Unidos.

O foco das negociações no exterior foi a decisão do banco central da China de reduzir em 0,1 ponto percentual suas taxas de juros de um ano, para 3,45%, e manter inalteradas em 4,2% as taxas de cinco anos, referência de custos para o setor imobiliário. O anúncio surpreendeu negativamente o mercado, que esperava cortes mais agressivos.

Com isso, o Ibovespa caiu 0,84% e fechou aos 114.429 pontos, enquanto o dólar subiu 0,21%, terminando o dia cotado a R$ 4,978.

Engrossando o sentimento negativo, o boletim Focus, do Banco Central (BC), mostrou nesta segunda que analistas passaram a ver uma alta de 4,90% do IPCA em 2023, 0,06 ponto percentual a mais do que no levantamento anterior, depois de a Petrobras ter anunciado reajuste grande de combustíveis na semana passada.

O mercado também se mostrou pessimista em relação ao dólar e subiu a previsão de R$ 4,93 para R$ 4,95 neste ano.

Nesse cenário, o Ibovespa registrou mais um dia de queda puxado pelas ações da Petrobras, que caíram 0,69%, após terem começado o dia em alta, conforme o petróleo perdeu força no exterior.

As maiores baixas sessão, no entanto, foram das “small caps”, empresas menores e mais ligadas à economia doméstica. O índice que reúne companhias do setor caiu 0,83%, pressionado IRB Brasil (9,24%), Carrefour (4,13%) e Yduqs (3,83%).

Na ponta positiva, leves altas de Petz (2,07%), Magazine Luiza (1,33%) e Cemig (1,74%), que foram as maiores da sessão, atenuaram a queda do índice. A Vale, que puxou baixas do Ibovespa nos últimos pregões, terminou o dia em estabilidade.

A queda do Ibovespa desta segunda ocorre logo após a Bolsa ter interrompido uma sequência recorde de 13 quedas consecutivas na sexta (18), no primeiro pregão de alta do mês de agosto.

Nos mercados futuros, os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2025 subiram de 10,52% para 10,61%, enquanto os para 2026 iam de 10,12% para 10,26%, pressionando as empresas brasileiras. A subida das taxas acompanha os juros nos Estados Unidos, que seguem registrando alta.

Já nos EUA, os índices S&P 500 e Nasdaq subiram com a alta das ações da Nvidia antes da divulgação de seu balanço. Além disso, investidores estão aguardando a reunião de autoridades de política monetária dos principais bancos centrais do mundo em Jackson Hole para avaliar a trajetória da taxa de juros.

 

Foto: Marcello Casal Jr./Arquivo/Agência Brasil

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