A 7ª Vara Criminal do TJSP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo) condenou o influenciador Felipe Prior a seis anos de reclusão pelo crime de estupro cometido contra uma jovem em 2014. A ação corre em segredo de Justiça, e a condenação é em primeira instância. A defesa reforça a inocência de Prior e disse que vai recorrer da decisão.

Desde que foi condenado, Prior viu a casa desabar: perdeu mais de 130 mil seguidores apenas no Instagram, observou a fuga de amigos famosos — como a cantora Anitta, que deixou de segui-lo —, ficou recluso e não  publicou mais nada, nem mesmo os chamados publiposts. Além disso, o escândalo atinge a imagem de sua empresa, a FP Arquitetura & Engenharia — um baque que deve ser sentido também no bolso do empresário.

A condenação de Prior é referente ao caso de uma mulher protegida pelo pseudônimo Themis, que afirma ter sido abusada sexualmente pelo empresário durante o InterFAU — nome dado à competição para estudantes de arquitetura e urbanismo de São Paulo — na época em que ainda estudava na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Themis diz que estava alterada — e com uma amiga — quando aceitou uma carona oferecida por Prior. Depois que deixou a amiga na casa dela, a jovem ficou sozinha no carro com Prior. Foi aí que, segundo a acusação, ele teria se lançado sobre ela e a estuprado.

"Quando a gente estava indo sentido à minha casa, ele parou o carro no meio da rua, desafivelou meu cinto e começou a me beijar. A rua estava muito escura, já era de madrugada. Ele foi para o banco de trás e me puxou", disse Themis, em entrevista à TV Globo.

"Começou a tirar minha roupa e, à medida que as coisas iam acontecendo, ele se tornava cada vez mais agressivo comigo. Eu falei 'Felipe, eu não quero, não quero', e ele continuou insistindo, continuou tirando a minha roupa e começou a forçar a penetração. E aconteceu a laceração, que foi bem dolorosa. Eu gritei. Começou a sair muito sangue. E eu comecei a gritar de dor, e aí ele parou imediatamente, falou: 'O que que é isso?'.  Só fui pegando minhas roupas e tentando estancar o sangue", completou.

Além de Themis, três mulheres acusam o influenciador de estupro e tentativa de estupro — neste caso, os delitos teriam acontecido entre 2015 e 2018.

Uma das supostas vítimas diz que Felipe tentou estuprá-la durante a edição dos jogos universitários de 2016; outra afirmou ter sido estuprada por ele em 2018, também durante o evento. A quarta vítima diz que foi violentada em 2015.

Em 2020, a repercussão do caso levou a organização do InterFAU a divulgar nota na qual afirma que Prior havia sido banido do evento dois anos antes, em 2018, depois de ter sido acusado de cometer um crime sexual, além de outras denúncias de assédio.

Defesa de Pior alega inocência
Em nota, publicada nas redes sociais, os advogados de defesa do influenciador citaram a palavra "injustiça" e ressaltaram que acreditam na inocência de seu cliente.

"A sentença será objeto de apelação, face à irresignação de Felipe Antoniazzi Prior e de sua defesa, que nele acredita integralmente, depositando-se crédito irrestrito em sua inocência e de que, em sede recursal, lograr-se-á sua reforma, em prestígio à Justiça, reconhecendo-se sua legítima e verdadeira inocência, que restou patentemente demonstrada durante a instrução processual."

No comunicado, a defesa também reclamou do vazamento da notícia sobre a condenação.

Felipe Prior começou a fazer sucesso depois de ter participado de um reality show, em 2020. Não ganhou o prêmio do programa, mas se tornou influencer digital. Levou fama, prestígio e muito dinheiro — com a divulgação de marcas e presença VIP em eventos.

Hoje com 5,9 milhões de seguidores no Instagram (algo inimaginável até pouco tempo atrás para o jovem que mora na zona norte da capital paulista), Prior é seguido inclusive por nomes gabaritados, como o jogador Neymar. 

No fim de semana, a vítima que o acusa de ter cometido abuso sexual decidiu falar. Deu entrevista a uma emissora de TV. O depoimento dela foi tão forte que o influenciador perdeu 123.539 seguidores no Instagram em apenas 24 horas, conforme dados da plataforma Social Blade. No dia da notícia sobre a condenação, 14.033 já tinham deixado de segui-lo. Ao todo, são mais de 137 mil — entre eles, a cantora Anitta.

Prior precisou restringir os comentários não só do seu perfil principal, mas do de sua empresa, a FP Arquitetura & Engenharia — que, a propósito, também vem perdendo seguidores desde a sua condenação.

Além do estrago financeiro, Prior precisa lidar com a namorada, Jéssica Castro. Ela fechou o seu perfil e, até agora, não se manifestou sobre as denúncias contra o influenciador.

 

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