PSDB resgata tucano, reabilita Aécio e busca caminho ‘nem Lula nem Bolsonaro’ após fracasso
acusação de corrupção no caso JBS, pelo crime de corrupção passiva, seis anos após a revelação de áudios de Joesley Batista.
No evento tucano, o dirigente foi amplamente aplaudido e quebrou o protoloco para passar a palavra para o deputado mineiro. “Nunca duvidei que esse dia ia chegar”, disse Aécio, agradecendo ao “desagravo” feito por Leite.
O deputado, que foi candidato à Presidência da República em 2014, sendo derrotado por Dilma Rousseff (PT), disse ainda não ter dúvidas de que o partido voltará a ser protagonista da vida pública.
No ano passado, o partido teve o pior resultado eleitoral de sua história, em mais um capítulo da crise que levou a legenda a, pela primeira vez em sua existência, ficar de fora da disputa ao Planalto.
Os tucanos elegeram três governadores em segundo turno, mas perderam nas urnas o controle histórico que mantinham sobre São Paulo, não emplacando também nenhum senador. Na Câmara, a sigla viu sua já pequena bancada de 22 deputados federais ser reduzida a 13.
O PSDB de 2023 resgata o tucano no logotipo, extirpado há quatro anos, sob a gestão de Bruno Araújo. Na camiseta de Eduardo Leite havia uma frase de Fernando Henrique Cardoso, que diz: “Lutamos não para ganhar no dia seguinte, mas para criar um horizonte de alternativa”.
O partido apresentou novos pilares, como uma economia competitiva e aberta ao mundo, mas sustentável, além de reforçar políticas públicas, mas com uma máquina pública enxuta.
Leite se queixou de que o partido foi, nos últimos anos, afetado pela polarização eleitoral Lula-Bolsonaro e seus dirigentes obrigados a tomar posição. No segundo turno do ano passado, o tucano ficou no muro.
“A gente está aqui depois desse processo de discussão todo para dizer que não somos nem Lula, nem Bolsonaro. Não é simplesmente que não somos nenhum dos dois, somos PSDB, que tem DNA, visão, propósito para o país, uma forma de fazer política e a gente está buscando resgatar isso. Nessa reconexão com sentimentos originais do partido, naturalmente com visão atualizada dentro desse novo contexto”, disse a jornalistas, após o evento.
Questionado se a avenida do centro é larga para correr, ele disse que, se não for, vai abrir espaço, porque acredita que a polarização eleitoral vai ser superada. “Tenho certeza que o Brasil não deseja permanecer com essa radicalização, tensionamento no ambiente político. Quando isso for superado, o PSDB vai ser alternativa”, disse, esperançoso.
Sobre uma avaliação do governo Lula até o momento, o governador reconheceu “serenidade” no ambiente político, mas criticou declarações do presidente que, segundo ele, reforçam discurso do “nós contra eles”.
“De um ponto de vista político, há um pouco de serenidade dos ânimos, embora muitas vezes o presidente acabe falando também em relativizar a democracia”, disse, em referência às falas de Lula sobre democracia ser um conceito relativo.
Foto: George Gianinni/Divulgação