Eleições no Equador: Autoridades afirmam que a segurança do processo eleitoral está garantida
Neste domingo, 20, 13,4 milhões de equatorianos foram às urnas para escolher os candidatos que vão disputar as eleições nacionais em um segundo turno para completar o mandato presidencial interrompido pelo atual presidente do Equador, Guillermo Lasso, que corresponde ao período de 2021-2025. Mas além disso, os cidadãos também devem escolher 137 novos membros da Assembleia Nacional — 15 nacionais e 116 provinciais — e decidir sobre dois plebiscitos ambientais essenciais, que podem mudar o futuro da exploração dos recursos naturais da nação.
Em Quito, o nível de participação tem sido perceptivelmente alto. E a nível nacional, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral afirmou que até as 13h (horário Quito, 15h de Brasília), a taxa de participação atingiu os 45,41%.
Contudo, os equatorianos votam hoje com medo, em meio a uma profunda crise de insegurança, com diferentes grupos criminosos tomando o controle de várias regiões do país, e que teve como principal catalisador o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, em 9 de agosto. O Estadão entrevistou vários eleitores neste domingo que, reticentes em falar com jornalistas, pediram para divulgar apenas seu primeiro nome por questões de segurança.
“São tempos muito difíceis para o nosso país. Eu estou votando hoje com a fé de que as coisas possam mudar”, disse ao Estadão Javier, de 32 anos, que exerceu seu direito ao voto no colégio Eloy Alfaro, na Av. Francisco de Orellana. “Para mim, o mais importante neste momento é a segurança, e eu espero que meu candidato possa solucionar esse problema”.
Para Emilia, uma estudante universitária de 20 anos, a incerteza é a única constante deste processo eleitoral. “Ninguém sabe se alguma vai mudar após as eleições. Quem alcançar o poder vai ter pouquíssimo tempo para governar e os problemas deste país são demasiado grandes”, afirmou ela.
Em maio deste ano, às vésperas do debate e votação do seu suposto crime de malversação de fundos, Lasso decidiu utilizar seu poder constitucional para dissolver a Assembleia Nacional, que era majoritariamente opositora. Por este motivo, foram convocadas eleições antecipadas. E o vencedor do pleito terá apenas 1 ano e meio para governar o país até as próximas eleições.
Segurança no processo eleitoral
As Eleições Gerais Antecipadas foram inauguradas neste domingo com um rigoroso protocolo de segurança. A sede do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), localizada no norte de Quito, está protegida por anéis de operações da Polícia Nacional e das Forças Armadas. Nesta manhã, o Estadão viu diversos policiais fechando a famosa Avenida Francisco de Orellana, próxima da sede do CNE.
Nestas eleições, a segurança é um dos fatores mais determinantes. Lasso discursou mais cedo saudando os esforços da Polícia Nacional, as Forças Armadas e o CNE pela organização das eleições em apenas três meses após a dissolução da Assembleia Nacional, em maio de 2023.
O presidente afirmou que o país chega às eleições em um “momento complexo” e pediu que a decisão dos equatorianos nas urnas seja respeitada em um “ambiente de paz e tranquilidade”.
Neste domingo, a presidente do CNE, Diana Atamaint, também reafirmou o compromisso de que 53 mil membros da Polícia Nacional e 43 mil membros das Forças Armadas vão ajudar a manter a ordem e a democracia no processo eleitoral. De acordo com ela, 2.366 observadores e 110 mil delegados das organizações políticas vão garantir a transparência nas eleições.
“Vamos ser rios que não param…. Votem livremente e com responsabilidade. Nós, equatorianos, levantamos nossas vozes com nossos votos. Todos nós defendemos a paz e a democracia. Nem um voto a mais, nem um voto a menos… esse é o compromisso do CNE”, afirmou Atamaint.
No final da manhã, o ministro do Interior, Juan Zapata, disse que sobre a segurança dos candidatos: “Temos uma operação específica que obviamente terá um contingente maior do que os demais candidatos”. Ele faz referência à segurança de Christian Zurita, que está concorrendo à presidência no lugar de Fernando Villavicencio.
Ontem, Zurita participou de eventos públicos em Guayaquil vestindo um colete à prova de balas.
O Ministro do Interior, e Fausto Salinas, Comandante da Polícia, disseram ainda em entrevista coletiva que mais de 400 pessoas foram detidas hoje, e três supostas ameaças foram descartadas.
Das 430 detenções, 62 foram por microtráfico e 238 por intimações. Dessas, pelo menos 82 foram na província de Pichincha e estão relacionadas à violação da lei seca imposta durante o período das eleições.
Os alertas verificados e descartados ocorreram em Milagro, Samborondón e Tungurahua.
Foto: Martín Mejia/AP