O distanciamento de Jair Bolsonaro (PL) da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) começou ainda na campanha de 2022, depois que ela saiu correndo armada em plena região da avenida Paulista às vésperas da eleição presidencial.

Apoiadores do ex-presidente creditam a derrota dele à parlamentar: invocando pesquisas internas da campanha, eles dizem que Bolsonaro subia em São Paulo e, por isso, poderia virar contra Lula (PT) no plano nacional. A cena de bang bang protagonizada por ela teria revertido a curva de subida.

“Eu concordo contigo”, disse Bolsonaro à coluna, numa conversa em São Paulo, há cerca de um mês, ao ser questionado sobre a influência da imagem de Zambelli invadindo um bar, armada, em sua derrota.

“Pela lei, naquele dia [Zambelli] não poderia estar armada na rua. Já começa por aí”, disse Bolsonaro. “Eu aprendi na minha vida, lá no Rio de Janeiro: sacou, tem que atirar”, seguiu ele. “Aquilo que aconteceu, o perfil do cara [que teria xingado a deputada, fazendo com que ela sacasse a arma], era para ela sair fora. Vai bater boca com um cara daquele perfil? Pra quê?”, questionou o ex-presidente.

A deputada voltou às manchetes na semana passada ao ser alvo de operação da PF de busca e apreensão. Os agentes prenderam Walter Delgatti, o hacker da “Vaza Jato”.

A deputada e Delgatti são suspeitos de atuarem em uma trama que mirava o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e que resultou na invasão dos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão.

 

Foto: Michel de Jesus/Arquivo/Câmara dos Deputados

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