Biden consolida apoio democrata e empata com Trump em corrida eleitoral
Pesquisa divulgada pelo jornal americano The New York Times nesta terça-feira (1º) aponta que Joe Biden, 80, vem consolidando o apoio entre democratas para representar o partido na eleição à Presidência de 2024. O levantamento, porém, indica que o pleito promete ser acirrado, e o atual chefe da Casa Branca aparece empatado com o republicano Donald Trump, 77, em uma eventual revanche.
Presidente e ex-presidente têm 43% das intenções de voto nacional. Na véspera, outro levantamento do New York Times mostrou que Trump é o favorito na corrida republicana para a próxima eleição, com 54% da preferência dos eleitores, contra 17% do governador da Flórida, Ron DeSantis, em segundo. As pesquisas foram feitas em parceria com o Instituto de Pesquisas da Faculdade Siena.
O levantamento, a mais de um ano da eleição, mostra que 14% dos entrevistados disseram que pretendem votar em um candidato da terceira via. O New York Times pondera, porém, que um número significativo desse grupo deve escolher entre Biden e Trump quando o pleito chegar.
Se em 2022 dois terços dos democratas queriam um candidato diferente, agora quase metade (45%) apoia a reeleição de Biden. Segundo o jornal, o entusiasmo do partido em relação ao atual presidente começou a aumentar no ano passado, depois que a Suprema Corte americana, de maioria conservadora, decidiu suspender o direito constitucional ao aborto após 49 anos.
Ao contrário do que esperavam analistas, a defesa do direito ao aborto —uma das bandeiras de Biden— acabou se mostrando um tema mais importante para os eleitores do que se imaginava. No ano passado, o tema incentivou mulheres a se registrarem para votar nas midterms, as eleições de meio mandato, que resultaram na maioria dos democratas no Senado e no controle republicano frágil na Câmara.
Ainda que em posição mais favorável, o New York Times aponta sinais de alerta para Biden: o presidente tem sido beneficiado pelos sentimentos de medo e aversão de eleitores em relação a Trump, mas tem índice de aprovação de apenas 39% após dois anos e meio no cargo. O percentual é considerado ruim para um presidente em exercício que busca a reeleição, diz a publicação, mas representa uma melhora em relação aos 33% registrados em julho do ano passado.
O democrata ainda continua impopular em um público que é pessimista quanto ao futuro dos EUA. Entre aqueles que querem ver Biden como representante democrata no ano que vem, 14% disseram que os problemas do país são tão graves que a nação corre o risco de fracassar, segundo a pesquisa.
Cerca de 30% dos eleitores que afirmam ter a intenção de votar em Biden em 2024 dizem esperar que os democratas indiquem outra pessoa para a disputa. Apenas 2% dos eleitores do partido disseram estar entusiasmados caso o chefe da Casa Branca seja o candidato presidencial. Outros 51% disseram que ficariam satisfeitos, mas não empolgados.
Mais de um quarto (26%) dos democratas manifestaram entusiasmo com a ideia de Kamala Harris ser indicada como candidata em 2024. Como Biden estará às vésperas de completar 82 anos na próxima eleição, a vice-presidente de 58 anos, que assumiria o governo em eventual afastamento do chefe da Casa Branca, tem atraído atenção.
Biden supera Trump nos mesmos grupos que o ajudaram a vencer em 2020: mulheres, negros, eleitores da periferia e brancos com nível universitário.
Trump, por sua vez, lida com investigações federais e pode se tornar réu pela terceira vez nesta terça (1º), em um processo que apura sua participação na invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 e as tentativas de reverter a eleição que perdeu para Biden. No mês passado, o republicado esteve sob custódia para ouvir as 37 acusações às quais responderá por manter consigo documentos secretos após deixar a Casa Branca. Antes, em abril, ele se tornou o primeiro ex-presidente dos EUA réu em caso que envolve a compra do silêncio de três pessoas durante a eleição de 2016.
A pesquisa NYT/Siena ouviu por telefone 1.329 eleitores americanos em todo o país de 23 a 27 de julho. A margem de erro é de 3,6 pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa não considera o sistema do Colégio Eleitoral americano, em que o candidato vence a eleição de acordo com o peso do estado, proporcional à sua população.
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