A deputada estadual de Sergipe, Linda Brasil (Psol), desembarcou na última quinta-feira, 20, na Cidade do México, para participar do 6º Encontro de Lideranças políticas LGBTI das Américas e do Caribe, que aconteceu nos dias 20, 21 e 22 de julho. A parlamentar foi convidada pelo evento para compor duas importantes mesas de debates, que trataram sobre perspectivas de lutas da comunidade, construções de políticas para as pessoas LGBTQIA+ e também estratégias de fortalecimento da luta nas Américas e no Caribe. 

 

No primeiro dia de evento, a deputada conheceu a Câmara dos Deputados do México e se reuniu com a delegação brasileira para discutirem a atuação conjunta da bancada nacional LGBT. No segundo dia do encontro, Linda palestrou no painel sobre “Inovações Trans para Transformar Vulnerabilidades em Poder Político” e compartilhou algumas ações da mandata no processo de construção coletiva de políticas públicas para a comunidade LGBTQIA+ do estado de Sergipe. A deputada também apresentou um dado importante, que tratou sobre as condições das mulheres trans e travestis, no Brasil, destacando que 90% delas têm a prostituição como fonte de renda e única possibilidade de subsistência. Entre os diversos fatores que refletem esse percentual estão: a dificuldade de inserção no mercado formal de trabalho e a deficiência na qualificação profissional causada pela exclusão social, familiar e escolar. 

 

“Infelizmente, no Brasil, 90% das mulheres trans e travestis são compulsoriamente empurradas para a avenida pela prostituição, porque acaba sendo a única forma de sobrevivência. Há um processo de apagamento, silenciamento, exclusão e violência que faz com que nossas corpas sejam expulsas do ambiente familiar, escolar, profissional tendo a prostituição como a única forma de sobrevivência. Eu acabei sendo empurrada para a prostituição. Fui morar 5 anos na Itália, porque era a única forma, na década de 90, que eu tinha de poder sobreviver e até fugir da violência no meu país, que na época eu nem podia sair pelo dia. As mulheres trans, as travestis só saiam à noite por causa da violência”, relatou.

 

Durante a fala, a deputada destacou que, atualmente, o grande desafio da comunidade trans no Brasil é combater o discurso da extrema direita sobre as vivências das crianças trans. “No Brasil, a pauta atual da extrema direita é atacar e deslegitimar as vivências das crianças trans. É uma forma de dizer que não existem crianças trans, porque para a maioria deles, ser travesti, ser uma pessoa trans é uma perversão social. A única forma que eles têm de nos atacar e deslegitimar é dizer que não existem pessoas trans e essa nossa condição social foi construída a partir de uma perversidade social. Isso é muito grave, por isso é muito importante nos organizarmos”.

 

Linda também reforçou que um aspecto muito importante na sua atuação parlamentar é combater o fundamentalismo religioso. “Quando eu cheguei na Câmara Municipal de Aracaju, foi criada uma Frente Parlamentar Evangélica, cujo intuito era barrar, e, todas as vezes que eu levava uma pauta que falava sobre gênero e diversidade, eles me pressionavam e ameaçavam ir para a comissão de ética. Era uma tentativa de nos intimidar e nos silenciar. O fundamentalismo religioso é uma das tentativas que nos limitam e tentam desqualificar as nossas vivências e lutas. Como estratégia, precisamos ressignificar esse cristianismo que eles colocam. Precisamos fortalecer a nossa força e a nossa resistência. Infelizmente, no Brasil, e em vários outros países, a política sempre foi refém desse religiosismo castrador, dogmático”, pontuou Linda Brasil.

 

O encontro é considerado o maior evento de lideranças LGBTQIA+ das Américas. Desde 2014, mais de 1.350 líderes LGBTQIA+ de mais de 40 países de todo o continente participaram das reuniões e utilizaram as ferramentas e habilidades adquiridas durante o evento para revolucionar suas comunidades. A delegação brasileira foi composta por 24 representantes políticos LGBT+, sendo 21 mulheres, 16 pessoas negras e 9 pessoas trans que fortaleceram ainda mais a luta da comunidade por mais espaço na política.

 

Para a deputada, além da experiência, ela traz na bagagem muitas ideias e aprendizados que serão colocados em prática na construção de políticas públicas para a comunidade LGBTQIA+. “Foi um evento muito importante para fortalecer as lutas nas assembleias legislativas e nas câmaras municipais e federais. Foi uma honra participar desse evento e ser uma das representantes do Brasil. No encontro, pude perceber que a realidade de outros países se conectam com as realidades que vivenciamos no Brasil. Foi uma experiência muito importante para a construção de uma agenda de enfrentamento à LGBTfobia, construção de políticas públicas para a nossa comunidade, além de fortalecer as nossas lutas nos espaços de construção de poder”, afirmou Linda Brasil.

 

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